Por Thais Fernandes, do Café Point (www.cafepoint.com.br)
As recentes chuvas interromperam a colheita na área da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), maior no setor de cafés no Brasil, por até duas semanas. Segundo o superintendente comercial da Cooperativa, Lúcio Dias, o processo tanto manual quanto mecanizado foi prejudicado. “Na colheita mecanizada, as máquinas não conseguem se locomover nas lavouras para buscar o café. Já na semimecanizada e manual, a equipe de colhedores precisa interromper os trabalhos, até que a chuva passe”.
A Cooperativa reportou que, até o dia 3 de junho a colheita dos cooperados atingia 9,94%. Os trabalhos estão 5,49% mais adiantados em relação a esta mesma época do ano em 2015, porém, as chuvas dos últimos dias interromperam o processo em algumas regiões, principalmente no Sul de Minas, onde o volume de água foi mais intenso nas duas últimas semanas. A colheita voltou a acontecer a partir de 6 de junho por conta da estiagem. A meta de recebimento da Cooxupé neste ano é de 6 milhões de sacas.
O clima recente pode, contudo, seguir afetando a safra deste ano em quantidade e qualidade. “Muitas chuvas atrapalham a fazer o café cereja descascado - um tipo muito importante que eleva bastante a qualidade do café brasileiro e a competitividade do país – pelo fato de o grão alterar imediatamente suas condições de maduro para passa”, pontua Dias.
Custos adicionais – A chuva nesta época de colheita em que os grãos já se encontram maduros no pé leva, ainda, a queda dos frutos no solo. A questão obriga ao retrabalho em campo, no processo da varrição. “Esta queda também ocasiona custo ao produtor devido à necessidade de varrição. No entanto, em alguns lugares, os cafeicultores conseguirão fazer a varrição das lavouras somente no final do mês de agosto”.
O aumento nos custos pode atingir produtores de toda região, já que nos municípios analisados pela Cooperativa nas regiões do Sul de Minas, São Paulo e Cerrado Mineiro, a colheita (incluindo os cooperados da Cooxupé e cafeicultores não cooperados) atingiu 9,27%.
De acordo com a Cooxupé, a colheita da safra 2016 em sua área de atuação começou na primeira semana de maio. “A consequência é a possibilidade do apodrecimento de uma parte desses grãos, perdendo inclusive qualidade. Já os cafés colhidos que estavam no terreiro para secar são prejudicados pela fermentação, o que também prejudica a qualidade”.
Safra 2017 – Ainda de acordo com Lucio Dias, outro fator que deve ser levado em consideração é em relação à safra futura. “Como tivemos uma seca muito forte nos meses de abril e maio, as chuvas – com temperatura alta - trazem dois prejuízos: ataque de ferrugem e uma indução ao florescimento do cafeeiro antes da hora. Então, provavelmente se parar de chover e se a temperatura não esfriar teremos uma florada fora de época, prejudicando a safra de 2017”, alerta. O ideal, de acordo com Dias, para frear prejuízos com relação a chuvas em época de colheita é o investimento prévio em processos e maquinários de secagem do grão.
(Foto: Café Point/reprodução/divulgação)
Reportagem publicada no site CaféPoint – especializado em cafeicultura – e gentilmente cedido para reprodução neste site.
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