Araraquara – Do Correspondente
Este domingo, 27, ficou marcado nacionalmente pela manifestação contra vaquejadas e rodeios em todo o território nacional. O “Movimento Crueldade Nunca Mais” aconteceu em várias cidades no Brasil e no mundo.
Em Araraquara não poderia ser diferente, pelo fato de que protetores dos animais e as principais entidades de proteção, S.O.S Melhor Amigo, AAPA e VEDDAS com apoio da sociedade civil, representaram a voz dos animais que não sabem falar. Os animais são seres ‘sencientes’, ou seja, sentem dor e merecem a proteção dos seres humanos.
O grupo de ativistas se reuniu a partir das onze da manhã no Parque Infantil e fez caminhada até a Igreja de Santa Cruz retornando ao local de partida, com apoio da Guarda Municipal e Guarda de Trânsito (foto).
Além de defensores, ONGs, coletivos e simpatizantes, o Ministério Público Federal (MPF) e o Conselho Federal de Medicina Veterinária se posicionaram favoráveis à decisão do STF: “De acordo com a Comissão de Ética, Biotécnica e Bem-Estar do CFMV, o gesto brusco de tracionar violentamente o animal pelo rabo pode causar luxação das vértebras, ruptura de ligamentos e de vasos sanguíneos, estabelecendo lesões traumáticas com o comprometimento, inclusive, da medula espinhal. O impedimento de fuga de uma ameaça exacerba reações límbicas de ansiedade, medo e desespero. Ainda que o sofrimento físico pudesse ser evitado, a exposição de um animal a uma situação tida por toda a história evolutiva de sua espécie, como a mais grave ameaça à vida, negando ao indivíduo a possibilidade de fuga e acumulando o desconforto visual e auditivo, confirma o sofrimento emocional a que os bovinos são expostos em uma vaquejada”, afirma o parecer do CFMV.
A vaquejada é uma prática onde atormentam um boi ou um bezerro com choques elétricos e estocadas para fazer com que ele saia em disparada, comportamento totalmente contrário ao seu comportamento natural que é dócil e vagaroso. Em seguida é perseguido por dois vaqueiros à cavalo que o puxam e torcem o seu rabo com a intenção de derrubá-lo. É comum esses animais sofrerem fraturas na coluna e em diversas partes do corpo, além de relatos de terem seus rabos arrancados. Os ativistas pelos direitos dos animais estão preocupados com a possibilidade de um retrocesso nas conquistas das últimas décadas no país.
O alerta geral é para a tramitação de onze Projetos de Lei e dois Projetos de Emenda Constitucional (PEC) no Congresso Federal que tratam da legalização de vaquejadas e rodeios. Entre eles, está o Projeto de Lei Complementar nº 24/2016, de autoria do deputado federal Capitão Augusto (PR-SP) que “eleva o rodeio e a vaquejada, bem como as respectivas expressões artístico-culturais para a condição de manifestação cultural nacional e de patrimônio cultural imaterial”, que segundo próprio texto, usa a cultura para institucionalizar a crueldade e os maus tratos contra os animais, protestam os ativistas. Os parlamentares usaram manobras políticas para aprovarem o projeto, em sessões de última hora, sem a presença dos ativistas.
Rodeio é uma prática que envolve certas “provas” de domínio sobre animais. Por exemplo, a de montaria, que consiste em permanecer por certo tempo sobre um animal, usualmente um cavalo ou boi, provocando que o animal salte ou se agite para que se dificulte a monta. Outras práticas são as de laçada de bezerros, por exemplo, que devem ser laçados durante uma corrida, derrubados e imobilizados. A origem deste conjunto de práticas é mexicana, como o próprio nome indica e pelo qual até hoje é conhecida: ‘rodeio’ vem do termo espanhol ‘rodeo’, de ‘rodear’, isto é, “rodear, circundar”, significando juntar o gado.
Moção de Repúdio na Câmara de Araraquara – A Câmara Municipal de Araraquara foi recomendada para apresentar uma moção de repúdio ao Projeto de Lei e à PEC 50, que altera o texto da Constituição, a fim de que manifestações consideradas culturais não sejam tidas como cruéis. Se a PEC for aprovada, leis municipais, como a que proíbe a realização de rodeios em Araraquara, poderiam perder o seu efeito. Um retrocesso. Os vereadores expressaram apoio à causa e se dispuseram a trabalhar conjuntamente para elaborar o texto da moção.
Serviço – Mais informações junto às entidades locais representativas e no site: www.somoscontravaquejada.com
(Fotos: divulgação)
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