O Jornal Nacional, exibido diariamente pela TV Globo e considerado o principal telejornal do País, exibiu neste sábado, dia 3, reportagem alertando que mulheres operadas de câncer pelo SUS não conseguem fazer a reconstrução da mama na mesma cirurgia, mesmo existindo lei que tornou obrigatório esse procedimento há 5 anos.
A reportagem do Jornal Nacional enfocou o caso de duas mulheres, dentre elas de uma moradora de Mococa, Sandra Regina Nóbrega Cândido (foto), que luta para reconstruir as mamas depois de uma cirurgia para tratar um câncer.
O fato também foi destaque do portal de notícias da TV Globo, g1.globo.com:
“Mulheres operadas de câncer pelo SUS que têm mama reconstruída são poucas
Milhares de mulheres que retiraram a mama por causa do câncer não conseguiram fazer a reconstrução na mesma cirurgia, apesar de uma lei que tornou esse procedimento obrigatório no SUS há cinco anos.
Glaucia, 30 anos, mora no extremo sul de São Paulo. Sandra, 44 anos, mora em Mococa, interior de São Paulo. Em comum, lutam para reconstruir as mamas depois de uma cirurgia para tratar um câncer.
“Eu ia no ginecologista uma vez por ano para fazer Papa Nicolau, mas nunca foi pedido mamografia”, contou Sandra Regina Nóbrega Cândido.
“Já estava avançado, já tinha tomado a região toda. Tinha que tirar a mama toda”, disse Gláucia Damasceno.
Há um ano, ela aguarda a reconstrução da mama. Em um hospital havia prótese, mas não havia médico; no outro, diz ela, até tinha cirurgião, mas não havia prótese.
“Seu cabelo cresce, sua sobrancelha cresce, tudo cresce. Só que o peito não cresce mais”, lamenta Gláucia.
Há cinco anos está em vigor no país uma lei que diz que as mulheres atendidas pelo SUS têm o direto de ter a reconstrução mamária na mesma cirurgia da mastectomia. Mas o índice de reconstrução ainda é baixo.
Em 2017, apenas 22% das pacientes operadas pelo SUS tiveram a mama reconstruída. Melhor do que há dez anos, mas ainda longe do ideal.
Segundo o médico mastologista Ruffo de Freitas Jr., que pesquisa de perto o assunto, a taxa de reconstrução no SUS deveria ser de pelo menos 70%.
“Investimento e integração. Isso que seria de fato o grande prisma para que nós pudéssemos aumentar substancialmente o número de reconstruções mamárias no país”, diz Ruffo, que é coordenador de pesquisas da Rede Brasileira de Pesquisa em Mastologia.
Um dos exames mais importantes para detectar o câncer de mama no início é a mamografia. Nele é possível ver com detalhes a imagem da mama e descobrir um nódulo no começo. Isso faz toda a diferença na chance de cura.
Mas segundo a Rede Brasileira de Pesquisa em Mastologia, os mamógrafos estão mal distribuídos pelo país: apenas um quinto dos municípios possui os aparelhos.
“O número de mulheres que chega com tumores maiores do que cinco centímetros ainda é extremamente elevado e, obviamente, isso faz com que o tratamento seja mais agressivo, a chance de cura seja inferior, precisa-se fazer mais cirurgias radicais, a quimioterapia é mais agressiva, a radioterapaia é mais agressiva”, explica Antonio Frasson, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia.
Sandra precisou da quimioterapia depois da cirurgia. Para chegar ao diagnóstico da doença, passou por quatro médicos.
“Logo no primeiro médico que eu fui, se eu tivesse feito mamografia, ultrassom e já tivesse em mãos um resultado que era câncer talvez eu não perderia a minha mama”.
Há cinco anos ela aguarda a reconstrução da mama, fundamental para deixar as lembranças ruins para trás
“Significa, para mim, me sentir mulher novamente”.
O Ministério da Saúde diz que nem toda paciente possui indicação clínica de reconstrução logo após a retirada da mama e que garante os recursos financeiros para o procedimento, mas depende dos gestores de estados e municípios para informar, organizar e realizar tanto as cirurgias quanto as mamografias. O ministério acrescenta ainda que considera o número de mamógrafos mais do que suficiente para atender à demanda”.
Acesse e confira a reportagem do Jornal Nacional:
https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2018/11/03/mulheres-operadas-de-cancer-pelo-sus-que-tem-mama-reconstruida-sao-poucas.ghtml
(Foto: Jornal Nacional/reprodução/divulgação)