Do Jornal da USP
Este ano, além das queimadas na Amazônia, houve um aumento significativo dos focos de incêndio no Pantanal e o governo federal não tem agido de forma eficaz para controlar a situação. O professor Pedro Luiz Côrtes, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, comenta o problema em entrevista ao “Jornal da USP no Ar”.
Segundo um levantamento feito pelo professor, o número de focos de incêndio atualmente verificado no Pantanal é 440% maior do que a média entre 2010 e 2019. “Entre os dias 1° de maio e 1° de setembro do ano passado, tivemos 2.502 focos. Este ano, registramos 8.501. Essa é uma tragédia muito grande, explicada por duas principais questões: o desmonte no Ministério do Meio Ambiente e sua estrutura de fiscalização, com críticas às ações de combate feitas abertamente pelo presidente da República, e também devido à questão climática peculiar, com uma seca muito forte, provocada pela transição entre os fenômenos El Niño e La Niña, que favorece a proliferação do fogo”, explica o especialista.
A diminuição do volume das chuvas também ocorre em boa parte do Brasil devido ao desmatamento da Amazônia. Esse fator, somado ao período de transição entre períodos de El Niño e La Niña, faz com que a umidade não chegue à região Centro-Oeste e do Pantanal. “As mudanças climáticas não são uma aposta para o futuro, elas já são uma realidade e uma das consequências é o que está acontecendo este ano, no Pantanal”, conclui Côrtes.
(Foto: reprodução, Jornal da USP)
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