Por Sara Baptista Martins, da AUN/USP
No âmbito das redes sociais, a professora Melissa Andrade constatou que as possibilidades de socialização potencializam a construção coletiva de conhecimentos relativos a identidade do grupo, em sua dissertação de mestrado, defendida na Faculdade de Educação da USP (FE/USP). Recentemente, o Google anunciou que no dia 30 de setembro deste ano o site de relacionamento Orkut será desativado. Além de um site de relacionamentos, o site permitia a criação de discussões sobre temas específicos e era uma plataforma de ativismo virtual.
Segundo a pesquisadora, os veículos de comunicação contriuíram para a massiva expansão das redes sociais. Atualmente, elas estão completamente difundidas atingindo também as classes C, D e E. Dessa forma, “não é possível ignorar o potencial formativo desses meios”, afirma Melissa.
Para escrever “Negritude em rede: discursos de identidade, conhecimento e militância - Um estudo de caso da comunidade NEGROS do orkut (2004 - 2011)” , a professora entrevistou três dos membros mais ativos da comunidade, que reúne 36 mil integrantes e analisou os discursos de identidade produzidos em duas discussões sobre autodeclaração racial.
Buscando identificar o papel das redes sociais no combate ao racismo no Brasil, Melissa baseou-se em conceitos como o da inexistência de raças humanas. Ela observou que os discursos de identidade negra são construídos de modos diferenciados, ainda que a comunidade invoque certa homogeneidade, e que há um incentivo pela valorização dos símbolos que remetem à negritude, como o cabelo, os penteados e as roupas.
Sobre a efetividade do ativismo virtual, dois dos entrevistados mostraram-se otimistas e crentes no papel dos membros das comunidades negras, enquanto o terceiro acredita que a militância virtual acomoda e traz, tão somente, reconhecimento social, não promovendo mudanças de fato.
“Sou negra e, como pesquisadora e cidadã, uma questão que me interessa particularmente são as relações raciais em nosso país”, afirma Melissa, que também afirma que as relações raciais no Brasil não são tão harmônicas. A análise apresentada a respeito da comunidade NEGROS (foto) constitui uma importante contribuição para se compreender os discursos produzidos, nos últimos anos, a respeito da identidade negra no âmbito das redes sociais. A pesquisadora diz ainda que “os movimentos negros de ontem e de hoje denunciam isso de diversas formas. A consciência negra emerge como forma de luta”.
(Foto: reprodução)
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